D’este viver
Agora, as portas da casa do Chiado abrem-se num vazio,
E o cheiro a coentros das tuas mãos
A salsa do vagão de luz da cama do quarto de fundo,
E a maça verde dos ferrolhos das portas
São fedores da despedida a bordo do Vera Cruz
O jasmim das tuas pernas,
O manjericão e o martini dos teus lábios,
Vendem-se ao preço da partida
(ou da chegada)
Vendem-se ao preço dos odores pretos,
Dos odores a mosquitos, a minas, a medo,
Odores de homens escondidos, de homens a chorar, a sangrar
Aqui paga-se tudo,
Apaga-se tudo,
Paga-se o som dos morteiros em festa,
Apaga-se a tua última carta inquieta, as tuas mãos gélidas,
(Nada se apaga)
Paga-se o preço de uma arma em punho
Apaga-se da lista mais um soldado
(Nada se apaga)
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