14 de novembro de 2010

Condição de livro

Amanhã não existo.
Serei talvez um trago amargo de mulher,
Ou o tactear de uma farsa ao Domingo.

Ninguém me procurará às cegas,
Ao cair da noite,
Não aconteça eu ainda poder gritar.

Amanhã serei talvez um objecto de decoração.
Como o livro, que já morreu.
E que será feito das palavras?

Serei, em boa hipótese, uma sinopse
De um filme de uma encruzilhada de vidas,
De mistérios de vida.

Amanhã as minhas mãos perderão o instinto.
O meu rosto, os seus vis estados de consciência.
E que será feito das palavras?