2 de março de 2009

ninguém

cai o pano e tudo são
palhaços que se vendem no circo
caixotes do lixo revirados
e um estendal repleto de condenações


por detrás do muro
escondem-se tiros cercados em arame farpado
quartéis de luxo abandonados
e quadros... quadros de vingança cintilando na poeira levantada


é só um pano da louça roído dos ratos
e por detrás das paredes de cartão
quantos caminhos basculantes
desse ninguém que não quer chegar a casa


por detrás dos cajueiros
armas outrora depostas
e gente a apodrecer às escuras
gente que nasceu na terra errada
gente que culpa o seu deus
enquanto os seus irmãos se encarregam do resto


há sempre um silêncio
uma ausência
uma parte que não volta
um poeta que exaspera esse alguém

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bonito. Ainda que triste pelo significado que acarreta.
Chega a outros lados do mar.