22 de janeiro de 2009

A morte que deste a ti

Cuspo a memória da cera
Que me escorre pelas mãos
Enrugadas do tempo

(bem sei que a memória é um lugar em constante mutação)

A tua pele seca - pálida de morte que deste a ti
Encobre o teu egocentrismo demente - ai, Constança, esse corpo já não é teu

Digo-te adeus
Mas já nem o sinto
Pobre memória de velho a minha, Constança

Tudo o que vejo é raiva
Das loucas confissões que um dia te fiz
Entre o fumo branco que se espalha agora
Dos cigarros da morte

E sei que agora as éguas
Voltarão a correr pelos vales
Como era no tempo em que não te conhecia - voltarei a ser feliz

Manuel Sousa

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