Olhar de Inverno
Tudo transparece o Inverno
O fogo acorrentado da lareira
Que me sufoca o olhar
As árvores curvadas
Em vénias de sobrevivência
As folhas acumuladas à beira da estrada
Amarelas de enfermas
As pessoas que passam
Vejo-as suspensas por fios
Marionetas sem cor
Passei por tudo isto
E não vi nada
O meu olhar estava turvado das chuvas
De Inverno
Tentei fixar as montras
Enquanto passava
Mas olhava-as distorcidas
Vazias
Da minha ausência profunda
Estava tão triste que não podia estar ali
Fechei os olhos
Só queria o preto da noite
Confundindo aqueles rostos
E a estrada me levasse de volta
Ao meu castelo interior
1 comentário:
Olho sempre o Inverno com facies triste. Suplico que não chegue, anseio que parta. Gosto muito mais do sol e céu azul.
Mas este ano tive saudades do Inverno. Sentia falta da Lareira, do fogo que me paralisa, dos tapetes de folhas, das pessoas que passam cobertas de agasalhos, de ver a ponta do nariz e os ombros encolhidos, das chuvas torrenciais, a cair do lado de fora e eu ainda de pijama no quentinho do lar...
No fundo acho que gosto do Inverno porque gosto de sentir os contrastes, porque se não sentisse o Inverno não me ia aperceber da chegada do Verão...
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