30 de novembro de 2007


Olhar de Inverno


Tudo transparece o Inverno

O fogo acorrentado da lareira

Que me sufoca o olhar


As árvores curvadas

Em vénias de sobrevivência

As folhas acumuladas à beira da estrada

Amarelas de enfermas


As pessoas que passam

Vejo-as suspensas por fios

Marionetas sem cor


Passei por tudo isto

E não vi nada

O meu olhar estava turvado das chuvas

De Inverno


Tentei fixar as montras

Enquanto passava

Mas olhava-as distorcidas

Vazias

Da minha ausência profunda


Estava tão triste que não podia estar ali

Fechei os olhos

Só queria o preto da noite

Confundindo aqueles rostos

E a estrada me levasse de volta

Ao meu castelo interior

1 comentário:

palmo_e_meio disse...

Olho sempre o Inverno com facies triste. Suplico que não chegue, anseio que parta. Gosto muito mais do sol e céu azul.
Mas este ano tive saudades do Inverno. Sentia falta da Lareira, do fogo que me paralisa, dos tapetes de folhas, das pessoas que passam cobertas de agasalhos, de ver a ponta do nariz e os ombros encolhidos, das chuvas torrenciais, a cair do lado de fora e eu ainda de pijama no quentinho do lar...
No fundo acho que gosto do Inverno porque gosto de sentir os contrastes, porque se não sentisse o Inverno não me ia aperceber da chegada do Verão...