Abandonado ao sonho
Não percebo como aconteceu
Mas um pedaço de mim deu lugar a esta dor
Talvez saudades
Já não sei estar onde estou
Não quero pertencer a quem pertenço
Tudo parece gasto
O sorriso, a noite e o vento
Já não têm cor
São feitos decor
É um rosto perdido entre tantos outros
Que parecem iguais ao chegar
São mãos que acenam por ninguém olhar por elas
São braços que se estendem em confidências
De um abandono
De uma mãe fingindo-se morta
Quem só aprendeu a resistir
O meu sonho não tem contornos
Tem histórias, paisagens e rostos
De cor escura
É um olhar de dentro para fora
Vive comigo o sonho
Mas não é meu
É cheio de simplicidade e beleza
E risco
Pela terra sem nome, virgem
Onde os pássaros não conheço
E a chuva é intensa
Onde as palavras são de agradecimento
Pelos momentos de esperança
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