Olhar de Inverno
Tudo transparece o Inverno
O fogo acorrentado da lareira
Que me sufoca o olhar
As árvores curvadas
Em vénias de sobrevivência
As folhas acumuladas à beira da estrada
Amarelas de enfermas
As pessoas que passam
Vejo-as suspensas por fios
Marionetas sem cor
Passei por tudo isto
E não vi nada
O meu olhar estava turvado das chuvas
De Inverno
Tentei fixar as montras
Enquanto passava
Mas olhava-as distorcidas
Vazias
Da minha ausência profunda
Estava tão triste que não podia estar ali
Fechei os olhos
Só queria o preto da noite
Confundindo aqueles rostos
E a estrada me levasse de volta
Ao meu castelo interior