26 de outubro de 2007


Embarcar

Passo pela noite

O mundo do meu silêncio

As asas do meu andar


As vozes que entoam entre capas

São choros tão altos

Dos rostos escuros

Que teimam em me inventar


Ninguém os ouve

Nem com o olhar


Um dia em terra seca

Escondidos de quem passa na estrada

Entre danças de uma ‘tabanca’

Deus deu-me a graça de os escutar


Os rostos brancos visíveis

Não sei se não os quero

Vejo-os de passagem

Como um vento sem assobio

E um barco parado na margem


Numa noite escura

Pode ser que a barcaça se faça ao mar

E dos rostos brancos

Memória apenas de embarcar

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