Sobreviver do viver
Há quem só sobreviva por saber
Nem saber
Que há mulheres e homens violentados
No próprio sangue
Há crianças a refugiar a casa às costas
E a beber os restos de suor que lhes escorrem entre as mãos
Há quem só sobreviva de luz acesa
Com medo dos passos do corredor oculto
Que soam inexistentes
Na própria memória
E ser fiel é não perder a determinação da vingança
Entre o ranger dos dentes
Há quem só sobreviva em greve de fome
Guerra de fome
Por não saber apenas obedecer
Aos que mandam nos braços do povo
E sonhar é destruir as muralhas
Que a própria força ajudou a erguer
Há tanta gente que maltrata para ser amado
E há quem ame mesmo sendo maltratado
Há tanta gente que manda com medo de obedecer
E há também quem obedeça sem poder mandar
Há tanta gente que vive quando só pode sobreviver
Outros sobrevivem quando podem viver
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