O menino
Às vezes vejo-o debruçado sobre a cama
Olhando com sorriso de criança a minha preguiça
Fingindo pular sobre mim
Às vezes encontro-o na rua
Brincando contente – como outro menino qualquer
E fico a vê-lo subir às árvores
E chamar velhos rabujentos às pessoas que passam
Às vezes cruzo-me com o menino ao entrar no metro
Entrando por uma porta, saindo por outra, ao mesmo tempo
Mostrando-me que tanto vive a vida das pessoas
Como é o Deus do mistério
Às vezes vem-me dar a mão,
Com medo de morrer na cruz
E seguimos os dois com um silêncio tão forte
Que mais parece uma oração
Às vezes nem preciso de ver o menino
Para saber que ele existe
21 de dezembro de 2010
17 de dezembro de 2010
Sobreviver do viver
Há quem só sobreviva por saber
Nem saber
Que há mulheres e homens violentados
No próprio sangue
Há crianças a refugiar a casa às costas
E a beber os restos de suor que lhes escorrem entre as mãos
Há quem só sobreviva de luz acesa
Com medo dos passos do corredor oculto
Que soam inexistentes
Na própria memória
E ser fiel é não perder a determinação da vingança
Entre o ranger dos dentes
Há quem só sobreviva em greve de fome
Guerra de fome
Por não saber apenas obedecer
Aos que mandam nos braços do povo
E sonhar é destruir as muralhas
Que a própria força ajudou a erguer
Há tanta gente que maltrata para ser amado
E há quem ame mesmo sendo maltratado
Há tanta gente que manda com medo de obedecer
E há também quem obedeça sem poder mandar
Há tanta gente que vive quando só pode sobreviver
Outros sobrevivem quando podem viver
Há quem só sobreviva por saber
Nem saber
Que há mulheres e homens violentados
No próprio sangue
Há crianças a refugiar a casa às costas
E a beber os restos de suor que lhes escorrem entre as mãos
Há quem só sobreviva de luz acesa
Com medo dos passos do corredor oculto
Que soam inexistentes
Na própria memória
E ser fiel é não perder a determinação da vingança
Entre o ranger dos dentes
Há quem só sobreviva em greve de fome
Guerra de fome
Por não saber apenas obedecer
Aos que mandam nos braços do povo
E sonhar é destruir as muralhas
Que a própria força ajudou a erguer
Há tanta gente que maltrata para ser amado
E há quem ame mesmo sendo maltratado
Há tanta gente que manda com medo de obedecer
E há também quem obedeça sem poder mandar
Há tanta gente que vive quando só pode sobreviver
Outros sobrevivem quando podem viver
6 de dezembro de 2010
(In)dependência
Fora eu silêncio
Ensinar-me-ias o piscar de olhos
Em gestos pacientes com a minha revolta
Solitária
Fora eu entorpecido
Levar-me-ias a sentir o fustigar da chuva
Balançando o teu corpo
Sobre o meu corpo extinto
Fora eu adulterado em drogas
Desnudar-me-ias das vezes da minha loucura
Em noites de fogo
Intermitentes
Fora eu adormecido
Sussurrar-me-ias a música inacabada
De sons sobrepostos
Em sonhos
Fora eu silêncio
Ensinar-me-ias o piscar de olhos
Em gestos pacientes com a minha revolta
Solitária
Fora eu entorpecido
Levar-me-ias a sentir o fustigar da chuva
Balançando o teu corpo
Sobre o meu corpo extinto
Fora eu adulterado em drogas
Desnudar-me-ias das vezes da minha loucura
Em noites de fogo
Intermitentes
Fora eu adormecido
Sussurrar-me-ias a música inacabada
De sons sobrepostos
Em sonhos
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