7 de abril de 2009

Parte de ti


A tua pele desliza sobre a minha

E de novo o fogo inocente - aquela velha corda de harpa - reacende-se


De novo a violência do sofá

E o conforto do chão


Um cigarro continua a queimar lentamente no cinzeiro

Enquanto as tuas pernas se desnudam ao som da música inaudível


Lá fora - espreito por cima do teu ombro descoberto

O plátano deixa cair mais uma folha

Imagino o frio da noite

Os ratos escondidos por entre as madres da cobertura

Enquanto o teu corpo se apodera do meu


O teu corpo molda um movimento lento

Com um sem número de espasmos

Ouço o teu gemer pesado

O sufoco ao meu ouvido

E continuo encandeado da noite que há pouco não era


Peço-te mudo que não faças perguntas

Que não me telefones em dias quentes

Peço-te que não me olhes os pés descalços

Peço-te o que não é pedir


Perdoar-me-ás se te disser que te amo, que não te amo

Perdoar-me-ás se preferir a solidão, se nunca quiser estar sem ti

Perdoar-me-ás se não quiser ser ninguém, se quiser ser alguém


Partiste em silêncio - vi-te passar pelo plátano

E parte de ti partiu também


1 comentário:

Anónimo disse...

Disseram me, não queria acreditar
Mts parabéns realmente as tuas palavras tocam bem lá no fundo...
Nunca imaginei que por detras de "ti" houvesse algo tao especial...