Parte de ti
A tua pele desliza sobre a minha
E de novo o fogo inocente - aquela velha corda de harpa - reacende-se
De novo a violência do sofá
E o conforto do chão
Um cigarro continua a queimar lentamente no cinzeiro
Enquanto as tuas pernas se desnudam ao som da música inaudível
Lá fora - espreito por cima do teu ombro descoberto
O plátano deixa cair mais uma folha
Imagino o frio da noite
Os ratos escondidos por entre as madres da cobertura
Enquanto o teu corpo se apodera do meu
O teu corpo molda um movimento lento
Com um sem número de espasmos
Ouço o teu gemer pesado
O sufoco ao meu ouvido
E continuo encandeado da noite que há pouco não era
Peço-te mudo que não faças perguntas
Que não me telefones em dias quentes
Peço-te que não me olhes os pés descalços
Peço-te o que não é pedir
Perdoar-me-ás se te disser que te amo, que não te amo
Perdoar-me-ás se preferir a solidão, se nunca quiser estar sem ti
Perdoar-me-ás se não quiser ser ninguém, se quiser ser alguém
Partiste em silêncio - vi-te passar pelo plátano
E parte de ti partiu também
1 comentário:
Disseram me, não queria acreditar
Mts parabéns realmente as tuas palavras tocam bem lá no fundo...
Nunca imaginei que por detras de "ti" houvesse algo tao especial...
Enviar um comentário