O silêncio do velório
Já não há rosas no teu colo, Constança
Exaustas da companhia
Desfizeram-se em espinhos
Já não colocas pétalas, Constança
De magnólias de uma seda branca
Ao portão
Desenhando sonhos
Já não roubamos laranjas, Constança
Da cor do pôr-do-sol
Envelheceram connosco
Já não nos escondemos, Constança
Entre o milho alto
Desfiamo-lo inocentes nas pequenas loucuras
Já não caminhamos pelas falésias, Constança
Embebidos em sal
À nossa volta já só existe areia solta
Vivemos no silêncio do velório
Manuel Sousa
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