2 de junho de 2008


O silêncio do velório


Já não há rosas no teu colo, Constança

Exaustas da companhia

Desfizeram-se em espinhos


Já não colocas pétalas, Constança

De magnólias de uma seda branca

Ao portão

Desenhando sonhos


Já não roubamos laranjas, Constança

Da cor do pôr-do-sol

Envelheceram connosco


Já não nos escondemos, Constança

Entre o milho alto

Desfiamo-lo inocentes nas pequenas loucuras


Já não caminhamos pelas falésias, Constança

Embebidos em sal

À nossa volta já só existe areia solta


Vivemos no silêncio do velório


Manuel Sousa

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