Os dois mundos
Hoje caminhei sob a chuva
Sobre a chuva
Levitado na música do vento
Erguido no manto púrpura
Da noite espalhada
E só por um momento
O mundo inverteu a marcha
Dos sentidos eternos
Abriram-se-me os olhos em dois mundos
Um dos mundos era percorrido por um fogo inaudível
De cores que nunca vi
Onde só se poderia andar de olhos vendados
Porque a sensação era a certeza
Ao lado espelhava-se um mundo de cristal
Onde o caminho se desenhava em traços constantes
Nítidos de uma determinação penetrante
Não quis pertencer a nenhum
Não que não o pudesse viver amanhã
Mas porque o amanhã só será íntimo
Amanhã