28 de fevereiro de 2011

despojos da alma

a minh’alma é uma caravela
onde a embriaguez da revolta solitária
se imiscui na fuga do silêncio

a minh’alma tem a força do pescador
mas olha o mar com a desconfiança
da criança perdida
que não tem antepassados

oh Mar, devolve a minh’alma à Terra
deixa-a sentar-se no seu colo
de montanha
e olhar-Te do alto

oh Mar, deixa os sonhos da minh’alma
confluir num Rio suave e calmo
onde o amanhecer é cor de púrpura
ao som de um assobio

oh Mar revolto
que és parte da minh’alma
traz o corpo à tona
para que possa morrer em paz