2 de fevereiro de 2009

O nosso castanheiro

Podei o nosso castanheiro
Como quem corta os dias da nossa vida, Constança
Pontapeei os ouriços perdidos - os espinhos no pé serão as tuas últimas marcas -
Que o vento do Inverno se encarregaria de levar
Queimei as folhas caídas
Castanhas claras do teu olhar

Deitei-me livre sob o céu descoberto
Sem pensar em nada
Que todas as recordações são nauseabundas
E a saudade um lugar por inventar

Que restará teu
Senão as feridas que a vida - a nossa vida - embruteceu como calos

Manuel Sousa