15 de dezembro de 2008


Olhar fechado

Viajar no que não se pode planear.

Saltar o muro que ainda há pouco lá não estava.

Empurrar a porta que afligia.

Deitar na relva. Adormecer. Acordar.

Olhar e fingir que não vê. Reproduzir o mundo assim não visto.

Transpirar de correr como um louco.

Andar às voltas para ficar tonto.

Perder.

Porque está sozinho.

12 de dezembro de 2008


O sonho de uma criança

Se eu pudesse contava-te a nossa história
Antes do amanhecer

Viajávamos num barco de papel
Embalado de um vento suave
Suspiro dos segredos trocados

O plano era o tempo incerto
E o limite uma vasta plasticina azul
Entreaberto

Nas nossas mãos
Pequenos bonecos de lã
Teimosos
Desatados na infância inquietante
Desafiando o futuro

Enchíamos balões
Para suspender o tempo
Em cais de areia
Onde nos queríamos deixar ficar

E tudo o que será
Pertence às mãos da criança
Que continua a sonhar

8 de dezembro de 2008


Sinónimos de liberdade


Pudesse eu respirar o teu corpo

Desnudar-te o preconceito

E nas tuas mil faces silvestres

Escrever-te sinónimos de liberdade